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Viva Margarida Alves, sindicalista completaria 90 anos neste sábado

Em 5 de agosto de 1933, nascia entre o litoral e o sertão da Paraíba, Margarida Maria Alves. A mais nova dos nove filhos de Alexandrina Inácia da Conceição e Manoel Lourenço Alves. Viveu no sítio Jacu, na zona rural da cidade de Alagoa Grande, até os 22 anos de idade, quando a família foi expulsa de suas terras por grandes latifundiários.

No próximo dia 12 de agosto, completa 40 anos da morte da líder sindical Margarida Alves, assassinada brutalmente em sua casa com um tiro no rosto.

O crime foi encomendado por latifundiários da região de Alagoa Grande. Três meses antes de seu assassinato, no Dia do Trabalhador daquele ano, Margarida falou em seu discurso a célebre frase “Porque entendo que é melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Ela tinha 50 anos recém completados quando foi morta, 12 anos desses dedicados à presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Os criminosos envolvidos no crime nunca pagaram pelos seus atos.

Margarida Alves lutou pelos direitos e por melhores condições de trabalho de suas companheiras e seus companheiros que trabalhavam nas usinas da região, lutou também contra a violência no campo, pelo fim da exploração dos camponeses e pela reforma agrária.

O que Margarida queria era que os trabalhadores do campo tivessem os mesmos direitos trabalhistas dos empregados urbanos como, carteira assinada, décimo terceiro, direito das trabalhadoras e dos trabalhadores de cultivar suas terras, a educação para seus filhos e filhas e o fim do trabalho infantil no corte de cana. A sindicalista movia mais de cem ações trabalhistas contra a Usina Tanques – a maior do estado da Paraíba naquela época.

Ela também lutava e denunciava sobre os casos de agressões sexuais cometidos pelos patrões contra as mulheres camponesas e suas filhas na região, o que incomodava e muito os fazendeiros. Margarida era a mais nova de uma família de nove filhos, e desde a infância já sofria na pele com a exploração e desigualdade social, tendo vivenciado com a família a expulsão de suas terras.

A sindicalista deixou um importante legado no nosso país, seja na luta do campo ou na luta das mulheres, como conta Ana Paula Romão, autora do livro “Margarida, Margaridas: Memória de Margarida Maria Alves (1933-1983) através das Práticas Educativas das Margaridas”.

E ela marcou época ao ser a primeira mulher camponesa e sindicalista rural, algo incomum para os anos 80, ainda mais no Nordeste, sendo uma das fundadoras do Movimento Mulheres do Brejo, que articula as lutas das mulheres com as lutas do campo. Também influenciou no incentivo à educação política do homem do campo e lutou pelos direitos trabalhistas dos trabalhadores rurais. Margarida também foi fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural junto a Paulo Freire.

Associação Margarida Alves

A história da Instituição As Pensadoras e da Margarida Alves em muito se assemelham, e é por isso que o nome da sindicalista é homenageado em nossa associação. Nosso maior compromisso – da Instituição As Pensadoras – é contribuir com a busca por políticas igualitárias e justas, que sejam de fato democráticas e pluralistas para todas, todes e todos.

Além de oferecer cursos sobre o feminismo, As Pensadoras também conta com uma comunidade onde qualquer pessoa pode se associar e ajudar no trabalho desenvolvido pela instituição.

A comunidade foi fundada como um local onde todas as colaboradoras unem-se em prol de um objetivo comum: combater a desigualdade de gênero. O espaço foi criado por meio de encontros e experiências d’As Pensadoras, que nasceu do anseio de um grupo de mulheres de transformar a realidade de outras tantas por meio da disseminação democrática do conhecimento.

Ao se associar à Instituição no plano Margarida Alves, a organização disponibiliza diversos benefícios, sendo o mais importante a viabilização do conhecimento para mulheres que estão em situação de vulnerabilidade econômica.

Outras vantagens de ser uma associada Margarida Alves são: acesso gratuito à 01 curso de Aperfeiçoamento; clube de leitura feminista (7 livros enviados numa assinatura de 12 meses); acesso gratuito em todos os cursos disponíveis n’As Pensadoras; participação gratuita em fóruns, oficinas, workshops e agenda cultural; clipping de Notícias Semanal; revista da comunidade e a participação em editais para ofertar cursos n’As Pensadoras.

Marcha das Margaridas

Desde 2000 é realizado em Brasília a Marcha das Margaridas, a maior ação conjunta de mulheres trabalhadoras da América Latina. Neste ano, 2023, será realizada sua sétima edição – a marcha acontece a cada 4 anos. O movimento reúne mulheres de diversos movimentos sociais que marcham junto até a capital do país para homenagear a memória de Margarida Alves e reivindicar pela erradicação da pobreza, da fome e pelo fim da violência sexista.

A primeira marcha reuniu cerca de 20 mil mulheres, já a última que aconteceu em 2019 teve 100 mil mulheres participantes de diversas regiões do país. A expectativa é que 2023 bate recorde de público, o encontro acontecerá nos dias 15 e 16 de agosto. A marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).

Texto de Fernanda de Paula

Fontes: Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Brasil de Fato
Jornal da USP
Portal G1
Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contage)