A Independência do Brasil também é feminina
É comum quando se pensa na Independência do Brasil lembrar do famoso quadro pintado por Pedro Américo, homens em seus cavalos a beira do rio Ipiranga, com suas espadas erguidas comandados por D. Pedro I, o grande libertador do Brasil bradando “Independência ou morte” – ironias à parte.
Na verdade, esse quadro é um momento delusional do imperador do país na época, já que nada disso aconteceu de fato. Várias pessoas, situações e questões foram deixadas de fora na maneira que essa passagem da história brasileira é contada, principalmente a participação das mulheres – como sempre.
O conhecido quadro que retrata esse momento, que na realidade foi um pedido da família real para “comemorar” os 50 anos da independência, foi criado para sustentar uma imagem de herói nacional e valorizar a presença militar dessas personalidades masculinas representadas.
A Independência do Brasil, que aconteceu em 1822, foi o resultado de várias revoltas causadas pela insatisfação dos brasileiros em relação ao domínio e comando rigoroso que Portugal empreendia na época. A Coroa portuguesa exercia total controle político, econômico e social sobre o país, exigindo o pagamento de altos impostos, por exemplo. Dentre os revoltosos havia homens e mulheres, livres, ricos, escravizados, de todos os estratos sociais.
Mas para as mulheres, estar nesse espaço político era algo proibido, o que não as impediu de aumentar o coro por mais liberdade no Brasil. Elas não estão retratadas no quadro e nem são citadas nas aulas de História, mas estiveram, sim, presentes nesse passado.
Sejam empunhando armas, participando do ativismo político, usando suas habilidades de escritas, elas contribuíram com o movimento e se recusaram a ocupar o lugar subalterno que lhes era reservado. Pouco se sabe sobre essas várias mulheres da luta. Protagonismo e participação que seguem sendo negados as mulheres, até os dias de hoje, e que muito se reflete nos poucos espaços de poder que elas ocupam.
Como forma de reparação dessa história mal contada, As Pensadoras recontam esse momento incluindo a participação de três mulheres que tiveram papel importante na Independência do Brasil.
A participação de 3 mulheres pela Independência do Brasil
Hipólita Jacinta
Foi a única mulher a participar da Inconfidência Mineira. Cedeu a fazenda de que era proprietária, para que os inconfidentes pudessem se reunir e organizar a revolta. Foi a primeira pessoa a saber da prisão de Tiradentes e comunicou aos outros inconfidentes sobre a possibilidade de serem delatados.
Maria Felipa
Não há registros ou documentos históricos que comprovem a existência dela, mas ela faz parte da luta baiana pela independência. Contam que Maria Felipa era uma ex-escrava, que foi marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, que comandou 40 mulheres e homens em uma batalha para defender a Ilha de Itaparica da invasão dos portugueses.
Maria Quitéria
Era outra baiana com papel importante na luta pela independência. Queria ir para o campo da batalha, mas seu pai não deixou, se vestiu de homem e se alistou como um. Liderou um grupo de mulheres, combateu na Baía de Todos os Santos e lutou nas batalhas de Pituba e Itapuã. Com sua ajuda e bravura, os baianos expulsaram as tropas portuguesas de Salvador.