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Indígenas Mulheres: Territórios, Direitos, Movimentos e Políticas

Descrição

Esta disciplina será dedicada as mulheres indígenas e “indígenas mulheres”. A partir de uma perspectiva antropológica, relacionadas as mulheres originárias, debateremos temas como gênero; geração; violações de direitos humanos; violências de gênero; mulheres no movimento indígena; mulheres indígenas na política; direitos das mulheres indígenas; acesso, permanência e pesquisas desenvolvidas por mulheres originárias nas universidades; histórias de vida; território; memória; oralidade; corporeidades; e cosmologia. Tais temas estão relacionados a estudos desenvolvidos pela pesquisadora que mediará o curso, que é indígena mulher do povo Karipuna. Ao longo dos seis encontros da disciplina, teremos contato com textos escritos por pesquisadoras indígenas e por pesquisadoras (es) não indígenas, mas que realizam estudos sobre temas relacionados as mulheres originárias e/ou seus povos. A partir destas literaturas compreenderemos como as indígenas introduzem as cosmologias de seus povos na teoria antropológica e nos debates de gênero.

Aula 1: Mulheres Indígenas: Violências de Gênero e a Luta por Direitos 

Esta aula tratará sobre as consequências da colonização na violação dos corpos de meninas e mulheres indígenas, e como isto, até hoje, reflete-se nas violações de direitos humanos e violências de gênero para com as meninas e mulheres originárias. Debateremos, sobre os silenciamentos e as invisibilizações dos protagonismos das mulheres indígenas; sobre as ausências de políticas públicas eficazes que combatam o racismo e a violência de gênero para com elas. Outro foco da aula, será pensar a visibilização dos protagonismos das mulheres no movimento indígena e nas lutas por direitos em tempos de retrocessos.

 

Aula 2: Mulheres Indígenas: Gênero e Agência Feminina

Esta aula tratará sobre como o gênero e a agência feminina estão presentes nos estudos de etnólogas que pesquisam com mulheres indígenas. Como a partir de suas perspectivas o gênero é vivenciado em diferentes povos. Nesta aula abordaremos questões que no gênero estão relacionas aos rituais; as relações com os não humanos; parentesco; sociabilidades; constituição da pessoa; saúde; pajelança e política interétnicas.

 

Aula 3: Mulheres Indígenas: Protagonismos desde os territórios

O objetivo desta aula é pensar os protagonismos e as relações que as mulheres indígenas tecem dentro dos territórios nos papeis de lideranças, pajés, parteiras, pesquisadoras, mães, avós e mais velhas. Busca-se pensar como as mulheres originárias de diferentes povos podem transmitir conhecimentos, considerando-se suas multiplicidades de papéis, vozes, conhecimentos e culturas. Trabalharemos com textos que a partir dos papéis das mulheres, também tratem de temas como território, corpo, parentesco, relações interétnicas, movimentos de mulheres indígenas, agências femininas, histórias de vida, reprodução da cultura e lutas coletivas.

 

Aula 4: Mulheres Indígenas nas Universidades e na Antropologia

Esta aula tem por objetivo tratar sobre a entrada e permanência de mulheres indígenas em cursos de graduação e pós-graduação em universidades públicas. Abordando, sobre as pesquisas que desenvolvem em seus respectivos cursos, concentrando-me especialmente na produção cientifica das indígenas pesquisadoras antropólogas. Busco compreender quais são as vivências destas indígenas mulheres até as universidades? Quais são as dificuldades de acesso e permanência nos cursos? Quais são suas expectativas e as de suas comunidades com relação aos cursos escolhidos? O que é eficiente e o que falta nas políticas de ações afirmativas para que acessem os cursos e os concluam com êxito? Quais são suas relações com a escrita e com a universidade? Quais são os lugares que os conhecimentos que realizam, ocupam na produção acadêmica? Quais os desafios que enfrentaram ou enfrentam para realização destas pesquisas? Os conhecimentos das indígenas estão realmente sendo reconhecidos academicamente? Como elas se expressam em publicações? Quais os lugares que ocupam como pesquisadoras? Quais os lugares que também ocupam na oralidade? 

Nas universidades, nos cursos de antropologia, as bibliografias escritas por pesquisadoras e pesquisadores indígenas, em muitos contextos não são lidas e nem referenciadas as/aos estudantes. Invisibilizar e não permitir que as pessoas tenham acesso ao que é realizado pelos povos originários, enquanto pesquisadoras/es, é uma forma de violência epistêmica das academias para com os povos indígenas. Dentre os indígenas, se os homens pesquisadores são pouco lidos, menos lidas ainda são indígenas mulheres pesquisadoras. Em acordo com Deylane Timbira (2020), hoje, na antropologia, os indígenas não são mais os objetos de pesquisa, mas os pesquisadores, introduzindo as cosmologias de seus povos na teoria e disciplina antropológica. Nesta aula e em todo curso vamos ler antropólogas indígenas e como elas teorizam as cosmologias de seus povos em seus estudos. Pensando também que não basta as/os indígenas aprenderem com a universidade, é mais do que necessário que a universidade aprenda com os povos indígenas.

 

Aula 5: Movimentos Organizados e Protagonizados por Mulheres Indígenas

O objetivo desta aula é compreendermos o histórico de lutas do movimento indígena no Brasil, em especial os movimentos organizados e protagonizados pelas mulheres indígenas. Neste contexto, abordaremos reflexões sobre as discussões dos movimentos de mulheres originárias relacionados, ao surgimento das primeiras associações e articulações de mulheres indígenas; aos debates de gênero; feminismo; participações políticas; demarcação e proteção dos territórios; emergências climáticas; combate ao racismo; combate à violência de gênero; e lutas por direitos. Pensaremos seus intercâmbios locais, nacionais e internacionais. Trazendo destaque, também, para o protagonismo de lideranças indígenas mulheres em movimentos como o Acampamento Terra Livre (ATL), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB); Jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais, também organizado pela APIB; I e II Marchas das Mulheres Indígenas, organizado pela ANMIGA. Esta aula abrirá caminhos para pensarmos as candidaturas de mulheres indígenas, no movimento de aldear a política, que será discutido na aula a seguir.

 

Aula 6: Mulheres Indígenas no Aldear a Política

Tecerei uma reflexão sobre as trajetórias e protagonismos de lideranças mulheres indígenas nas políticas externas e internas aos seus territórios, nas relações entre suas candidaturas, mandatos e participações em movimentos indígenas. Ao tecer uma cronologia das mulheres originárias na política partidária, busco compreender quais são suas alianças, demandas e participações no cenário político mais recente. Realizo isto considerando como principais referências políticas para as lutas nos movimentos dos povos indígenas as demarcações dos territórios, acesso a saúde, educação, preservação dos biomas, combate as mudanças climáticas e combate as violências que atingem aos corpos, aos espíritos e aos conhecimentos dos povos indígenas, em especial das “parentas”. Neste ano, 2022, o Acampamento Terra Livre (ATL) organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), teve como tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, no qual foram lançadas diversas campanhas de pré-candidatas, com a finalidade de comporem no congresso e no parlamento a “Bancada do Cocar”. Enquanto as eleições de 2022, tiveram como uma de suas campanhas o “Chamado pela Terra: Mulheres Indígenas: Poder, Movimento e Retomada da Política” organizado com a Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). A campanha teve como finalidade divulgar, fortalecer e trazer visibilidade as candidaturas de mulheres indígenas nas eleições deste ano. Havendo desde 2020, a existência do site campanha indígena, que mapeia e divulga as candidaturas de pessoas indígenas de todo Brasil, contando também a história das primeiras e primeiros indígenas a serem eleitos no país, espaço virtual que é mantido e atualizado pela APIB. A partir de análises sobre os lançamentos das pré-candidaturas no ATL e destas campanhas indígenas, surgem informações que são relevantes para se compreender quem são estas “parentas” que estão na política partidária. Tecendo assim uma aula sobre as participações, demandas e pautas políticas das “parentas” na política brasileira e dos significados disto para os movimentos de mulheres indígenas.

Informações adicionais

Certificação
20 horas pela Instituição As Pensadoras
Formato

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Plataforma

Disponível na Hotmart

Realização
Instituição As Pensadoras